A reflexão de hoje
consiste em desenvolver algumas das diferenças entre o romântico tuga e o
romântico americano.
Vendo bem, o americano
tem o trabalho facilitado. Tem uma vista fantástica sobre a Estátua da
Liberdade, sobre o rio Hudson, sobre os maiores e mais bonitos monumentos do
mundo.
O romântico tuga tem somente uma vista sobre a
capoeira das galinhas, sobre o curral dos porcos e, com um pouco de sorte,
sobre a Assembleia da República.
E nos parques de
diversões. Se um americano leva a namorada a um desses parques, a música que ouvirá será, certamente, a canção preferida da rapariga.
Nas feiras
portuguesas, estamos ainda a 2km do dito local, e já estamos a ouvir “Eu gosto
de mamar nos peitos da cabritinha” ou então "Depois de ti mais nada",
Ora, deste modo, só me
posso questionar: “Como é que os românticos tugas ainda conseguem arranjar
namoradas?" Bem, devem meter umas cunhas, ou fornecem luvas, ou algo do género.
Mas não fugindo ao tema das feiras: o americano quando ganha um jogo qualquer oferece à
parceira um daqueles ursos de peluche enormes, muito fofinhos, muito bonitos,
que a fazem ficar completamente pasmada. Em Portugal, quando ganhamos um
qualquer sorteio só podemos oferecer uma caganita de cão de tamanho S.
E naquelas rodas gigantes.
Quando a roda para, é noite, e eles os dois estão lá no alto, o americano diz:
- Desde o alto daquela
colina é possível observar o local onde Lincoln pronunciou o famoso discurso de
Gettysburg.
E a rapariga toda
pasmada:
- Ai!, sabe de História!
E ele continua.
- Venho muitas vezes aqui com o meu cão, dar longos passeios, aproveitar o ar livre…
E ela:
-Ai, gosta de animais!
E ele remata a
conversa:
- E quando me sinto só
venho até aqui, olho para as luzes da cidade e penso que atrás de cada luz há
uma história, uma pessoa…
E mesmo antes de ele
acabar o quer que seja ela já está:
- AHHHHH! Eu amo-o,
amo-o!
Ora bem, o tuga jamais
poderá fazer uma coisa destas. Primeiro, não tem imaginação na altura de meter
conversa e dificilmente consegue construir uma frase sem cometer erros
ortográficos como “hadem” ou “hádes”. Em segundo, sendo capaz de levar uma
rapariga ao alto de uma roda gigante, só pode dizer:
- Olha lá ao fundo!
Olha, consigo ver o Continente. Imagina que a roda cai! AHHHHHHH!
Termino aqui a minha
reflexão e concluo: o português está sempre lixado! Já não basta estar constantemente
em crise mas também está em crise de engate. Já nem charme e estilo existem.