sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Estaremos Perante um Declínio Educacional? (CAP. III)


Catorze dias e treze noites passaram desde que encetámos a reflexão sobre a possibilidade de, estarmos a presenciar, plácida e indolentemente, um nóxio declínio educacional.
Cremos que foi proporcionado o tempo suficiente para tornar límpida a água, outrora sórdida, da qual a nossa mente abate a sua sede; e por essa razão, estaremos em condições de perscrutar as premissas e, partindo deste ponto, chegar a uma conclusão.

Desde os exemplos descritos, em ambos os capítulos, à pungente pergunta lançada - tal guerreiro romano que impiedosamente arroja a sua flecha no peito derrotado do inimigo - no capítulo segundo, circum-navegámos por alguns pontos de interesse e que se devem manter à tona daquela, por ora, facoide e franca água.

Devemos relembrar, também, que os exemplos não se dão na rua, mas sim dentro daquelas quatro paredes - já esquecidas do que são bons modelos – a que chamamos lar. E, consequentemente, justificando-nos com o que acabámos de escrever, têm de ser dados pelos pais.
Seguramente que, para acalmar irreverente má formação filial, é mais simples aceder a todos os seus pedidos – onde “pedidos” está escrito deve “ordens” ou “mandamentos” ler-se – evitando uma birra – cuja solução passa por, somente, ignorá-la que seguramente o broto, movido pelos processos de aprendizagem inerentes à maioria dos seres humanos, reconhece que não obtém o que pretende mesmo colocando-se no chão, batendo com mãos e pés nessa superfície e expondo umas fuças choramingueiras – do que, assertiva e justificadamente, usar um dos mais simples vocábulos existentes em tudo quanto é idioma e dialeto, constituído por três letrinhas apenas: NÃO.  
  
Afortunadamente, a natureza é sábia – quem a concebeu sabia bem com o que estava a trabalhar e o que pretendia – e concede-nos o tranquilizante bálsamo de nos parecer que a educação funciona por ciclos: filhos bem-educados são o espelho da educação dos pais e filhos mal-educados refletem o que também faltou à sua progénie. Comos sempre, permitam-nos esta asseveração que aceitamos as devidas exceções.
Baseando-nos no anteriormente escrito resta-nos esperar que faustos e prósperos ventos conduzam essas caravelas que, para já, navegam desgovernadas ou com um capitão bazófias e incompetente.

Não obstante, enquanto esperamos por essa deslocação de ar que traz ao colo a cândida crença num superintendente capaz, não deixamos de vivenciar a catábase dos bons valores.
Como escrevemos já noutras reflexões e também nesta, em parágrafos anteriores, mingam as personagens e atitudes que possam servir de lição a quem, ainda - impelido por se soltar das perigosas amarras - as buscam. É que já nem os desenhos animados do Super-Homem, Homem-Aranha,… os ajudam. Foram substituídos por Casas dos Segredos, repetição da Casa dos Segredos, gala da Casa dos Segredos,…
Mesmo que se possa colocar culpa no que enumeramos, – quiçá um 2% - os restantes 98% sabemos todos onde param. Só não sabemos o que andam a fazer.

Mas não desistamos. Tomemos como exemplo a carpa japonesa, Koi, - amiudadamente figura em mitos e lendas dos países asiáticos – que consegue remontar cascatas pantagruélicas e longos cursos de água até chegar à nascente dos rios em que, esforçadamente, nada. Como recompensa, este peixe ao conquistar o seu “triunfo”, segundo a lenda, transforma-se em dragão. E este sucesso apenas se torna possível através da capacidade de sacrifício e perseverança do animal.

Ora, se uma carpa é capaz de ultrapassar os obstáculos que, pela frente, se lhes colocam, também nós, mediante a perseverança e força de carácter, somos capazes de nadar contra correntes adversas e alcançar os nossos propósitos

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Estaremos perante um Declínio Educacional? (CAP. II)

Retomamos, neste momento, o trabalho no fio de lã, que por cansaço de quem o urdia, deixámos ermo, todavia calmo e esperançoso no cumprimento da promessa que fizemos de regressar. E, distinguidos que somos de alguns agentes políticos e sociais, ao que nos comprometemos não falhamos. Connosco nada cai em saco roto. Até porque permitir que o saquinho chegue a essa condição lastimosa trata-se de uma simples questão de ócio. Se está roto…remenda-se.
É o que uma pessoa vai tentar fazer nas próximas eleições; e ainda que as opções de remendo não ofereçam qualquer tipo melhoria significativa, não deixa de ser nosso dever, ir à urna palpar, pelo menos, o tecido. Se não gostarmos de nenhum - é tudo de fabrico chinês e do mais reles e pueril que há – vimos de mãos em branco. Porém, não nos negámos a obrigação civil de o fazer, dando primazia a outros recreios, lavando as nossas mãos na água oferecida pelo dianho, tal como Pilatos, desresponsabilizando-nos do mais tisnado e provável ocaso: a insistência neste exercício de consciente manudução perversa através de caminhos duvidosos até ao cômpito onde todas as veredas se apresentam enramadas e pedregosas quando nenhum dos cabecilhas – pérfidos e estouvados é certo - tem grandes conhecimentos de geografia, leitura de mapas e orientação para nos guiar à salvação.

Nós que a temos, mesmo que a etiqueta social seja a de promoção do seu esmorecimento e negação, recorremos à fé e esperamos, que escondido por entre a penumbra deste fim de tarde, quando mal precatados estivermos, o despenhadeiro não se encontre à distância de um incauto passo.

Na verdade, este tema daria matéria-prima para várias “Reflexões de sexta à noite” e, possivelmente, até romances de desenlace…menos fausto.

  Suspeito que pelas vossas sinapses passeie a interrogativa ideia de como é que o exposto anteriormente constitui uma continuação da reflexão compartida na passada semana. Sabei, então, que a nós, enquanto a escrevíamos, também deambulou pelas circunvoluções cerebrais o mesmíssimo inquisitório pensamento.
Como solução a esta questão que, insistentemente, nos surgia defronte e, vilmente, nos fixava a mirada, consentimo-nos a retirada da umbela que cobria o nosso escalpe e permitimo-nos que, ainda que poucos fossem, os raios de sol nos aclarassem essa ideia esperando, até, que desabrochassem umas quantas mais.

Aconselhamos aos que se encontrem numa situação semelhante, que adotem a estratégia descrita a fim evitar esta carência de ideias global que enfrentamos; mau já seria sofrermos todos de uma monomania, pior se fosse a mesma em todos.

Recordamos, certamente, uns por a terem vivido, outros por lhes ter sido relatada, a breve história que no capítulo primeiro expusemos. Uma semana volvida e tendo possuído tempo para a meditação, por quem se interessa por estas temáticas, lançamos uma questão: é assim que pretendemos educar os nossos filhos?

Na verdade…os nossos não!
Não porque a biologia nos tenha traído e não proporcionado os órgãos elementais e necessários para os conceber. Porém, conciliar o estudo universitário da fisiologia e patologia humanas com o amamentar do neonato, adivinhar-se-ia de resolução esfíngica.
E, além disso, devido à compleição anatómica que carregamos, tornar-se-ia enigmática a resposta ao problema de onde haveria, o puto, de mamar.

De afogadilho nos aproximamos do termo desta, já longa, reflexão. E aos nossos leitores, que concedem tempo e disponibilidade à nossa escrita, libamos jubilosamente – como não poderia ser de outra maneira – a vós.

 Achámos por bem, findar este capítulo segundo com a momentosa questão, a fim de, permitir que a dúvida - quantas vezes funesta e tormentosa - nos conquiste e tal como o sol em pleno Janeiro, faça dia onde a noite predomina.


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Estaremos perante um Declínio Educacional?


Agora que encetamos, para mais um ano, o período académico advertimos que a periodicidade das nossas publicações tornar-se-á mais irregular e espaçada.
Todavia, ainda a procissão vai no adro pelo que o tempo e a disponibilidade, por ora, nos consentem umas brechas para colocarmos neste papel binário um pouco do que nos corre na alma e anda na mente.

As, chamemos-lhe rubricas, “Reflexões de sexta à noite”, sempre tiveram uma índole um pouco mais, não querendo ser redundante, reflexiva e têm sido baseadas numa escrita crítica e tencionada mas de modo algum leviana ou frívola.
Podíamo-nos revestir de um discurso lhano, amorável e breve; porém acreditamos que a mensagem que almejamos transmitir não seria recebida se a orientássemos nesse sentido. Indubitavelmente, seria uma prosaica mais afável de oferecer, pela parte de quem escreve, e de colher, pelo leitor, mas menos provável de gerar a dúvida, titilar a consciência e incitar à ação pela mudança de posturas. Estar de pé é mais difícil do que estar sentado e estar sentado é mais difícil do que estar deitado. E, pela mesma lógica, agir racionalmente é mais difícil do que não o fazer ou, simplesmente, reagir.

Mesmo assim, procuramos não nos demarcar da nossa jaez “piadolas” e divertida, ainda que, incisiva na hora de tentar cumprir o nosso escopo enquanto cidadãos e, sobretudo, enquanto Homens que se prende em proporcionar perspetiva. Como diz o ditado, “nem tudo é preto ou branco”. E, claro, também criticar um bocadinho porque tal atividade faz bem à alma de qualquer um.

Tal como o povo que, airosamente, sabe conceder a um dito popular o sentido que se lhe revela mais conveniente, também nós, nesta situação e de igual forma, emprestamos-lhe a folhagem que nos resulta proveitosa. Porém, diferenciamo-nos na questão de despirmos o rifão do propósito pueril que é mostrar que sabemos palrear o que nos foi ensinado na escola.

Sendo assim, a expressão “nem tudo é preto ou branco” indicia que quando um problema se apresenta perante nós, o espetro de opções é mais amplio do que pode parecer. Entre o preto e o branco existe toda uma panóplia de tons de cinzento que também constituem hipóteses.

Tudo isto para explicar que o que escrevemos e partilhamos não deve nem pode ser tomado como a única perspetiva que aceitamos. Fazê-lo seria contrariar e trair a nós próprios e às nossas ideias.  
Acreditamos que regemos a nossa escrita e, principalmente, a nossa vida, por valores e princípios corretos que tomamos e defendemos com a mesma veemência com que Darwin lutou pelas suas teorias.
E, se nos anos vindouros acabar-se por mostrar o quanto errados estávamos, o que tememos que aconteça motivado por um marcado declínio educacional, aqui estaremos para nos adaptarmos a esse novo ambiente.

Será, exatamente, esta espiral descendente educativa, o novelo de lã do qual procederemos para tecer este intrincado texto opinativo.

E, como é tradição em nós, estrearemos o comentário com uma lacónica história.

Nos nossos dias de experientes basquetebolistas, quando ainda a nossa idade era assinalável pela contagem dos dedos das mãos, alguns eram os torneios em que o nosso clube ousava participar.
Quer os jogos fossem em casa quer fossem fora, os nossos progenitores faziam-nos a vontade de nos conduzir ao pavilhão onde iria decorrer a afamada competição. Isto ainda que o clube oferecesse transporte quando houvesse que ocorrer uma deslocação. Não obstante, a manutenção e idade da camionete eram suficientemente duvidosas e, certamente, dignas de inveja pela Betty Grafstein.

Os momentos que antecediam as partidas eram de relaxamento para os jogadores e de algum nervosismo entre os pais. Naquele momento, não passava de ínfimo o dito. Talvez depositassem no Sistema Nervoso Central (SNC) as esperanças que do seu filho despontasse um talento da NBA. – Nunca depositem qualquer tipo de substância no SNC; isso dá origem a Alzheimers e moléstias semelhantes. Se depositarem emoções ou sentimentos brotam episódios de mudança de personalidade que veremos a continuação. – Assim que o jogo começava, o que até então eram senhores e senhoras bem aprumados, adornados como se estivessem a ver a “La bohème” no Teatro Regio de Turim com o seu bonito monóculo, saiam do seu casulo metamorfoseados em rufias de pátio de escola onde tudo vale; azémolas a quem tudo é permitido e sem qualquer respeito pelas regras existentes.- talvez não as vissem devidos aos antolhos presos às suas cabeças asininas.

Eram audíveis os zurros paternais – não se excluem os maternais pois em situação de, digamos “defender” a cria, a matrona desempenha um papel incrivelmente irascível – como “parte-lhe uma perna” ou “dá cabo dele” e ainda “arruma-lhe um na fronha”. – Desconhecemos a justificativa que baseia este comportamento e também a legitimidade do educador para educar quando o que lhe sai da primeira cavidade do aparelho digestivo é igual ao que expele pela última. Parece-nos, a nós, que somos meros ignorantes, que se enleavam os neurónios, quem sabe pelo calor que se fazia sentir no recinto, dos papás que assistiam, mais violentos que os desportistas, às geniais jogadas praticadas. Debalde, tentamos perceber a etiologia da enfermidade que tamanhas alterações na neurofisiologia pudesse produzir.
No entanto, não é uma reação incomum. Aliás, diz-se bastante frequente quando se enfrenta o questionável talento dos rebentos.

Como nós, desde cedo, revelámos toda e qualquer falta de apetência pelo desporto, os nossos geradores – não os que dão eletricidade mas os que dão uma… queca – estavam, desde o início, sem qualquer motivação para ornear tamanhos disparates. Ou isso, ou ainda há quem tenha educação.  

Pela extensão e relevância que pretendemos atribuir a este assunto, cremos que a forma mais adequada de o fazer sem nos tornarmos pesados e maçadores, será dividir este texto em “capítulos”.

Desta forma, na próxima “Reflexão de sexta à noite”, apresentaremos o capítulo segundo desta opinião verborreica.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Reflexões de sexta à noite: O velho é aborrecido?

Quão agradável é falar com um velhinho?

Muitos dos adolescentes, e não tão adolescentes, não têm o conhecimento, para mim, elementar, dos benefícios que se podem retirar de uma simples conversa com um idoso.
Um cérebro cheio de conhecimento, um coração repleto de paixão, experiências que transbordam do sangue vermelho vivo que percorre as artérias e que chega às mãos ternas da compreensão e do amor.
Tanto que é colocado em último plano por preferirem ficar a jogar no telemóvel, a ver uma sitcom no computador ou, até mesmo, a recuperar da brava piela que a noite anterior proporcionou.
E, por razões óbvias, não possuem capacidade e, talvez, até arcaboiço moral para responder à pergunta. Porém, há quem acredite que sim.

Mas, “who’s to blame?” (quem havemos de culpar?).

 Vivemos numa sociedade que faz marchas e protestos a favor da criminalização do abandono animal mas que, por ignorância ou conveniência, se esquece que os direitos humanos ainda não são cumpridos em toda a sua totalidade.

Utópico da minha parte desejar que o sejam? Quiçá. Todavia, manterei as minhas energias focalizadas na melhoria das condições de vida do nosso passado, presente e futuro. Ganha esta batalha, desviarei atenções para o que considere necessário, essencial e prioritário

Choca-me digo apenas, porventura até para não ter de fazer um juízo mais negro e medonho sobre o que exponho a continuação, que quem manda neste sítio, tenha já decidido que abandonar animais (mero exemplo, como muitos outros que descrevo) seja crime mas que deixar ao desemparo idosos só agora comece a constituir um. Melhor, ainda creio ser só um projeto de lei, não uma lei em si.
A não penalização do desleixo no dever de proteger estes seres com especificidades em campos como os cuidados de saúde, o apoio social e até mesmo, infelizmente, o enquadramento familiar, é, para mim, um dado preocupante de como se estão a conduzir as políticas de educação.

E tudo isto porquê? Porque são velhos?, acabados?, sem projetos ou ambições?, aborrecidos? Questões que não gostaria de ver respondidas devido ao pouco surpreendentes que seriam as respostas.

Para quem, secretamente, contesta de modo afirmativo ao indagado, permitam-me que distribua a bactéria que provoca uma certa comichão mental (NOTA: só funciona para quem ainda não for imune à reflexão).

Uma trupe de velhotes (atenção que a inflexão dada a este vocábulo expressa todo o meu carinho e admiração), surpreendeu toda a cidade onde viviam ao aparecer no cortejo da sua festa com um autocarro que escondia os mistérios de… 50 sombras de Grey! Não só no exterior como também no interior.
O autocarro estava repleto de objetos que aludiam à história escrita por E. L. James como algemas, chicotes, chibatas, cordas,…
O autocarro foi submetido a um concurso que os criativos idosos, com idades compreendidas entre os 85 e 90 anos, venceram.

Se algum dos espetadores maiores decidiu dar uma voltinha no autocarro da malandrice já vai além do conhecido, mas se o fez…bom para ele...ou ela! Pena do motorista, todavia, que só  lhe é permitida a pura observação.
Esta notícia demonstra que a idade não é limite para a ousadia, para a brincadeira nem para o humor e muito menos sinónimo de aborrecimento.

Agora, penso eu com os meus botões, uma conversinha com as mentes por detrás desta arrojada brincadeira não deve ser nada chata.

O mesmo não creio ser capaz de dizer do pasmatório que é a cabeça de alguns indivíduos e do marasmo de ideias que sofrem determinadas personalidades. 

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O Ano Que Passou e o Ano Que Aí Vem

Estamos a entrar numa época em que o frenesim pelas compras para o regresso às aulas começa a emergir. Supermercados lançam talões de descontos para dossiês, cadernos de argolas, para os famosos cadernos de capa preta, canetas, corretores, lápis, borrachas, afiadeiras,… Enfim, um sem número de materiais que prometem levar os alunos ao cume da pirâmide do conhecimento. E tudo a um preço bastante generoso para as carteiras dos papás e gostos dos miúdos.

Mas não poderíamos entrar com brilhantismo no ano letivo que se avizinha sem nos despedirmos apropriadamente do que já passou.
Para que tal aconteça, partilho uma pequena história.

Diz-se por aí que um aluno, cansado de tanto trabalho que tinha para fazer para uma disciplina e aflito por se aperceber que o tempo que o professor lhe dera não era suficiente, decidiu renunciar às tarefas que lhe atormentavam a mente e apazigua-la com uma real borracheira.
Desconhece-se se, de facto, o acalmou e lhe permitiu voltar ao labor proposto pela exigência escolar. No entanto, sabe-se que, talvez, ainda em período de tortura, este embriagado aprendiz decidiu que era a melhor altura para enviar um correio eletrónico ao desgraçado do professor que o fazia passar por uma revolução neuronal e o fazia esperar uma resolução rápida do problema em questão.
Transcrevo o conteúdo do e-mail:

“Sr. Professor,

Quero que saiba que é um palerma e que lamento o facto de ser carequinha. Lol.
Se quiser posso arranjar-lhe uma mocinha que o mantenha ativo e lhe ajude a recuperar o pelo perdido e a pôr de pé o que ainda existe.
Já que lhe escrevo peço também a extensão do prazo de entrega do trabalho que pediu. É que estou com uma piela enorme e sinto que amanhã estarei um pouco doente.
Até segunda!

Com os melhores cumprimentos,
Patrício António.”


 Obviamente, que o nome que surge no fim da carta não é o verdadeiro. Isto é assim, porque eu, aparentemente, me preocupo um pouco mais com a dignidade deste estudante do que o próprio.

O professor, que deve ser um gajo bem disposto e humorado, sem qualquer tipo de complexos pela parca pilosidade, inesperadamente, respondeu ao seu aluno:


“Patrício,

Parece que tiveste uma noite de arromba. Acedo ao teu pedido de alargamento do prazo de entrega para quarta-feira, até às 23:59. Recordo que deve ser entrega através da plataforma moodle.
Aprecio a preocupação pela minha calvície. Mas a minha mulher parece gostar!
Fora de contexto ... que estiveste a beber ontem à noite? Da próxima vez que me enviares um e-mail do género gostava de ter uma garrafa do que seja que bebeste para não me ter de lembrar do que escreveste.

Bom trabalho,
Sr. Professor.”

Não admira que o senhor Patrício António precise de um alargamento do prazo. Com a brutal ressaca com que acordou, nem um dia sentado à beira da sanita com uma garrafinha de água das pedras e um bom ambientador deve ter sido suficiente para recuperar da tremenda estupidez.

Espero que a moda não pegue.
Se Portugal já, raramente cumpre prazos por desculpas parvas, o próximo passo seria enviar um e-mail ao Passos Coelho a dizer devido a uma desumana borracheira não eram capazes de carregar no Enter e enviar às escolas a ficha ENES. Mas vá, estamos em Portugal, o país em que fazer nenhum recebe prémios e medalhas e ser exímio no que se faz exige que se mude de país.

  No entanto, não descuremos da criatividade demostrada pelo rapazito. Podia ter recorrido à habitual desculpa de “o cão comeu o meu trabalho” mas preferiu refugiar-se no pretexto de ter de engolir uma caixa de aspirinas ao longo do dia. É o que, hoje em dia, se chama “adiamento por justa causa”.


Onde isto jamais aconteceria era no Japão. Lá por terra de animes e hentais a educação para a aprendizagem e exploração começa desde pequenino. E nada melhor para a estimulação das ainda pouco complexas redes neuronais dos petizes nipónicos que um museu sobre… o organismo humano.  
Numa exposição intitulada Karada no Fushigi Daibouken, que traduzido, sem recurso ao Google Tradutor, é algo como “A Grande e Misteriosa Aventura do Corpo”, a miudagem examina minuciosamente os meandros da anatomia humana.
Até aqui, tudo bastante comum. A singularidade da exposição revela-se na peculiaridade de que a porta de entrada para a descoberta trata-se, pois, do olho... do cu.

A título pessoal, felicito o Japão pela originalidade e humorismo concedidos à ideia e pelo investimento feito na educação dos pequenos samurais. A Portugal deixo um pequeno aviso: cada um colhe os frutos do que semeia. Continuemos com Casas dos Segredos e afins que melhores tempos, decerto, tardarão.


Ainda que muitos ostentem a afirmação de que a educação de um povo vê-se no modo como os animais são tratados, sou muito mais defensor que a cultura de um povo revela-se no modo como investe na educação das crianças… porque esses, sim, são o verdadeiro motor da civilização futura. 

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Que Foste Fazer Manchester?

Controvérsia.

Esta parece ser a palavra mais procurada pela sociedade moderna para se manter entretida e alheada, talvez, dos seus próprios problemas e más decisões. Claro que saber que o Cristiano Ronaldo ofereceu uma ilha, algures na Grécia, ao seu agente como prenda de casamento e começar a criticar o rapaz porque poderia ter dado melhor uso ao dinheiro é mais fácil do que olhar para nós e vermos que demos um carro ao nosso filho como motivação pelas quatro cadeiras que deixou em atraso na faculdade. Mas coitado do rapaz…foram só quatro! Merece a recompensa pelo trabalho.
Previamente ao início do desenvolvimento do comentário sobre o tema que o título deixa a nu, permitam apenas umas pequenas notas.
Sou rapaz. Tanto genotipica como fenotipicamente. Não apoio o feminismo. Nem o machismo. Adoro brincar, e quem diz brincar usa um eufemismo para não dizer provocar, quem o é.
Aceito as críticas, encaixo, brincadeiras e quando estou errado admito.

Suporto a igualdade. Mas acima deste valor coloco a justiça e o respeito. E se o preço a pagar pela justiça e o respeito é a negligência da igualdade, talvez valha a pena.

Creio que a imagem que coloco juntamente com esta opinião é bastante ilustrativa do que pretendo explicar. E se não for, tomemos atenção à questão que exponho. Devo eu, enquanto ser humano empático e atento às situações que me rodeiam, limitado nos recursos que posso utilizar, dar a mesma quantidade de sopa a um menino bem nutrido e a quem nada lhe falta e a outro menino cuja totalidade dos ossos posso contar com uma simples passagem do dedo?

A resposta a esta pergunta obriga-me a priorizar os meus valores. Se coloco a igualdade em primeiro, a quantidade de sopa terá de ser a mesma. Mas se o faço não estou a ser justo uma vez que, claramente, um necessita mais do que o outro. No entanto, se pretendo ser justo e dou mais a quem, verdadeiramente, precisa não estou a ser igualitário visto que não dou a mesma quantidade a ambos.
Felizmente, gosto de acreditar que as minhas prioridades estão bem definidas pelo que a resolução do dilema que se colocou anteriormente, para mim, não se revela difícil.


Uma vez escrita a reflexão séria da publicação que, apesar de parecer desenquadrada da tentativa de impregnar um estilo mais ou menos piadolas aos textos que apresento, será de utilidade para a compreensão do meu ponto de vista à medida que o explicito, tratamos de prosseguir.
Durante o meu ocupado dia de ócio e pouco fazer, entretenho-me a fazer zapping pelos jornais online que estejam escritos num idioma que consiga descodificar. Elimino de caminho qualquer jornal sediado no norte do nosso país, os de Viseu, os isrealitas, franceses, italianos, alemães e mais uns quantos. Ah, e o Correio da Manhã!

E de vez em quando, lá salta à retina uma noticiazinha que por ser mais tonta, mais engraçada ou mais a puxar à crítica, me cativa e põe o motor a lenha a trabalhar.

A mais recente foi a indignação que provocou a criação da versão feminina da camisola do Manchester United, histórico clube do futebol inglês. Na verdade, creio eu, a polémica gerou-se devido ao facto da dita camisola, na sua versão feminina, possuir um, e cito, “avantajado decote”. Design extremamente raro em qualquer camisola destinada ao referido género!
Já houve ataques de grupos feministas tanto à empresa que desenhou a vestimenta destinada aos adeptos do sexo feminino como ao próprio clube por aceitar um corte tão arrojado, argumentando que é uma camisola “sexista”.

Acho, que neste comentário, devemos ir por partes:
1.      Certamente, uma controvérsia criada por alguém que não tinha mais nada que fazer no seu período de férias do que orientar, erroneamente, a sua atenção para notícias de um cariz tão insignificante como a camisola de uma equipa de futebol.
2.      Muitos de nós sabemos que os clubes de futebol vendem camisolas há já bastantes anos, com o intuito de fazer dinheiro, à sua massa associativa, sendo esta composta, maioritariamente, por homens. Assim sendo, criar camisolas para mulheres, seria explorar um novo mercado e uma nova possibilidade de investimento. Argumentam que é explorar a mulher? Então todos estes anos os homens foram explorados!
3.      Se criar uma camisola para mulheres é sexista, não criá-la o que seria? Se defendem a igualdade, de que se queixam agora?
4.      E se a questão está no facto de o decote ser ousado, as nossas queridas meninas, hoje em dia, saem à noite (e não só) vestidas de que maneira?

Antes de continuar gostava de fazer a ressalva que, habitualmente, faço: aceito as devidas exceções.

5.      Uma das questões levantada foi “E quem não tem nada para mostrar?” Questiono-me se isto configura algum tipo de argumento. Quem não tem nada para mostrar numa camisola normal, de uso diário, também não tem nada para mostrar numa camisola desportiva. Cada um deve ter consciência do que deve ou não usar, exercendo a totalidade da sua liberdade para o fazer.
6.      Por último, é  assim tão raro, tão surpreendente uma camisola com um decote dito “ousado”? É preciso fazer um escândalo com, aparentes, repercussões mundiais? Se fosse da Zara, Bershka ou Primark não teria uma aceitação, praticamente, universal e sem grande furor?



A questão do feminismo e do machismo, a meu ver, não se trata de uma questão de igualdade como se ouve os seus adeptos aclamar. Resume-se a RESPEITO por outro ser humano, seja de que género for.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

O segredo de Antímona

Normalmente, nestas minhas intervenções pelo mundo dos zeros e uns, aplico-lhes uma pitada de bom senso, cultura e um humor tão duvidoso quanto a inocência dos nossos políticos. Tento que em todos os textos que escrevo e comentários que faço, haja sempre uma moral para se retirar, uma conclusão que cada leitor faça sua, interiorize e a aplique com o intuito de tornarmos este planeta um lugar melhor.

Hoje, neste meu comentário, vou quebrar um pouco a monotonia das minhas publicações. Ainda que as minhas intenções, anteriormente explicadas, se mantenham intactas, vou tratar de dar-lhes uma apresentação diferente. 
Em vez do tradicional esmiuçar de notícias interessantes, escrevo um conto.
Este é um conto ligeiramente distinto dos restantes. Não começa com era uma vez ou com há muitos anos atrás, num reino longínquo.
No entanto, algumas características deste género de texto literário mantêm-se preservadas.


No reino perdido de Antímona, uma profecia nunca cumprida, esperava ansiosamente por quem fosse capaz de o fazer. Esta contava que só alguém com capacidade de trabalho, sabedoria e humildade era capaz de conduzir o reino à prosperidade e, à glória, os seus habitantes. Até àquele momento, muitos haviam tentado mas não havia memória de alguém que tivesse alcançado o feito de a concretizar.
O homem mais sábio do reino, cujas primaveras nunca ninguém soubera ou se atrevera a perguntar, recebia muitos pedidos para tentar. Até os próprios reis, pessoas de bem mas desesperados por tempos melhores, conduziram diligências para ir ao seu encontro, oferecendo-lhe dinheiro, poder e fama. Nunca ouviram outra resposta que não fosse a negação de tais prazeres terrenos. Justificava-se que não era a ele que competia o predestino de concretizar a profecia.

 Enquanto tudo isto ocorria, uma pequena rapariga, gabada por sua audácia, esperteza e valentia, trabalhava arduamente para ajudar seus pais e garantir pão na mesa para os seus quatro irmãos. Com todas as tarefas que tinha para fazer, pouco tempo lhe sobrava para os estudos. No entanto, a menina era capaz de conciliar tudo o que tinha para fazer. Ainda que com um horário tão estrito arranjava sempre um tempinho para fazer tudo o que era próprio da sua idade. Acreditava que com organização e querer tudo se conseguia e raramente se desviava do caminho que, na sua mente, tinha traçado para si.
Tinha como grande amigo um velho que vivia ao fundo da sua rua. O mesmo que fora tentado pelos reis a procurar solução para a profecia. Mal ele sabia que, sem querer, instruía a resposta às orações dos habitantes de Antímona.
Sempre que podia, a pequena, passava horas a ouvir o que o velho lhe tinha para contar. Escutava atentamente cada palavra. Absorvia, com brilho no olhar, cada gota de conhecimento. Naquele momento, ele era já um mestre para ela.
Certo dia, o velho dirigiu-se a casa dos pais da rapariga e pediu-lhes que a libertassem das tarefas que ela tinha de modo a poder aprofundar e melhorar as suas capacidades. Os pais, mesmo sabendo que ao dispensar a ajuda da filha teriam de aguentar com maior carga de trabalho, acederam ao pedido em prol do desenvolvimento pleno das aptidões da descendente.
A rapariga passava agora grande parte dos seus dias sob a orientação do velho que, com a mestria que lhe era reconhecida, ao longo de vários anos ajudou a levar a bom porto as aspirações tanto do aprendiz como de seus pais.

Com o tempo, a notícia do seu talento espalhou-se pelo reino. Nela os governadores e aldeões reconheciam a esperança de providência. Como tal, a rapariga, agora já uma mulher, foi integrada nas cortes e, aos poucos, foi ganhando a confiança dos seus constituintes. Inclusive dos reis.
Os seus métodos passaram a ser aplicados. As suas estratégias revelaram-se vitoriosas e quando já todos deixavam de acreditar, eis que a profecia se cumpre e o Antímona regressa ao auge de tempos idos.


No cimo de uma colina, a mais alta das redondezas, num pôr de sol que aquele reino há muito que não via, a rapariga inspira ar puro e apercebe-se que o verdadeiro poder não pode ser comprado. Que a verdadeira glória não se mede pela quantidade de estrelas que um tem no casaco ou de medalhas à volta do pescoço. Qualquer um deles é consequência de uma vida de dedicação, esforço, trabalho e humildade. Que só assim somos capazes de inscrever os nossos nomes nas páginas douradas da História.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Sem tanta inveja do Pombo!

Todos os países têm, no seu reportório de ideias e leis, umas quantas bastante criativas merecedoras de um qualquer prémio atribuído pela Real Academia Sobral Cid. E há que dar-lhes crédito por isso. Da mesma maneira que vemos o Guernica no museu e apreciamos a mente brilhante que o idealizou e a maneira como o executou, as leis, pelos nossos governantes, projetadas, são também dignas de exposição pública. Nem que seja, algumas delas, pelo ridículo que representam.
Não entendam isto como um comentário dirigido exclusivamente ao governo português. Todas as administrações mundiais, por muita excelência e genialidade utilizadas na condução do seu país à prosperidade, têm sempre aquela personagem ou ideia suscetível de sátira.

Aliás, o tema de hoje não me foi fornecido por Portugal mas, sim, por nuestros hermanos. E não, não vou comentar sobre o facto de o Casillas ter ido para o Porto, ou sobre a mãe do rapaz ter dito que o clube de destino do filho pertencer à Segunda Divisão B, disputando a bola e títulos com grandes clubes europeus como Barakaldo, Leganés e outras grandes potencias to futebol europeu.
Comento sim e partilho, uma ideia que o alcalde da cidade espanhola Badia del Vallès, na Catalunha, apresentou, com a intenção de reduzir o número animais que esvoaçam pelos céus da povoação: contracetivos para pombos.

Antes de prosseguir com a explicação do porquê e do como, expresso só que a mim parece-me um ato solidário para com os dirigentes do Real Madrid: “(o Real Madrid) não manda ninguém para a despedida do Casillas ao clube, certamente por falta de staff e nós, para mostrar o nosso respeito e apoio pelo comportamento tido, diminuímos o número de efetivos voadores na Catalunha.”

Atenção, se a ideia pega e propaga, pessoalmente, aconselho o Messi a ir começando a preparar-se psicologicamente para o facto de não ter ninguém do Barcelona que o acompanhe quando decidir abandonar o clube. E tudo culpa do alcalde de Badia del Vallès.

Retomando a notícia inicial, parece que a exagerada população de pombas que afeta grande parte das cidades europeias começa a tornar-se um incómodo entrave ao turismo. E como a própria economia espanhola também já conheceu melhores épocas, retirar esta fonte monetária é como colocar os testículos de Espanha entre duas pedras e sem qualquer misericórdia permitir a veloz aproximação entre ambas.
Assim sendo, o alcalde daquela cidade da Catalunha idealizou um dispensador de contracetivos para pássaros que distribui o dito medicamento junto com sementes, todas as manhãs. Deste modo, prevê-se que em 5 anos a população de pombas diminua uns 80%.

É assim, eu não sou biólogo, nem ornitologista, nem especialistas em pássaros ou em demografia mas parece-me que, da mesma maneira que já fodemos a população humana mundial, também estamos a impedir a boa foda da população dos bichitos com asas.
Trata-se tudo de uma questão de inveja. Somos, enquanto seres humanos, a criancinha da pré-escola que quer um carro igual ao carro dos bombeiros do colega, sendo a única justificativa o facto de ele ter também um.
No entanto, à nossa atitude foi-lhe emprestada um pouco mais de maldade e perversidade uma vez que não se trata de “se os pássaros fodem eu também quero”. Trata-se, exatamente, do inverso. Trata-se de “se nós não o fazemos mais ninguém faz”.

Sobre este tema resta-me comentar que, a meu ver, trata-se de um ato de tremenda estupidez e imbecilidade por parte da espécie humana.
Já não basta estarmos a trabalhar para conduzir a nossa própria espécie à extinção como ainda queremos arrastar outros animaizinhos connosco. Deve ser solitário fazê-lo sozinho.

Lá teremos nós de recorrer a um novo Noé. Mas que nos faça um favor. Evite o embarque de determinadas pessoas. Obrigado de antemão!



p.s. Sou consciente que, tecnicamente, não estamos a impedir o ato em si, estamos só a impedir a formação de um novo ser, mas é uma piada por isso decidi deixar ficar assim.