sexta-feira, 8 de julho de 2016

Reflexões De Sexta À Noite: O Hitler Também Deu Aulas De Ténis





Ao longo da semana de um estudante em férias bastantes são os problemas que invocam a atenção do espírito absorto, adormecido pela incessante e apática atividade do lazer sem propósito. Nessa lista, podemos encontrar as seguintes ocupações da mente:
1.  a que horas nos levantamos amanhã?;
2.  a que horas nos deitamos hoje?;
3.  a realização de que uma e outra hora, geralmente, são co dependentes – com a exceção, claro, das situações em que a matrona desejar limpar a casa e, sem compreendermos exatamente as razões que justificam o seu comportamento, insiste em começar pelo nosso onírico reduto;
4.  (após acordar às 12h30min) ainda tomamos o pequeno-almoço ou o almoço é a refeição que se segue?
5.  Etc.

Obviamente que há mais grandes questões da vida ferial de um estudante. Estas são apenas umas poucas que reconhecemos que aporrinham o tutano que ainda resta à juventude, trás manhãs e manhãs de copiosas émeses e banquetes de ácido acetilsalicílico.
Estas são as lidas que, na nossa memória mangona, ousam soçobrar o pasmatório em que a nossa escátula de neurónios se converteu nesta época de cálida languidez.
Como resultado esperado do mencionado anteriormente, o encargo de parir uma tese para a reflexão desta semana, exigiu um assalto ao cofre da imaginação e, como não desejamos que o nosso lazer cruze os maninhos trilhos terrenos sem um rumo, a custo extraímos o que aqui se lê.

Uma reflexão semanal, considerando que publicaríamos sempre à mesma hora, está composta por 168 horas ou 10079 minutos de preparação, – retiramos um minuto que equivale ao período necessário à partilha do texto no grande livro digital - que se dividem entre surgir com inspiração e produzir o texto. Ambos os componentes aduzem-se com as suas problemáticas porém, ser bafejado pela brisa protetora dos grandes autores – e das grandes editoras - não toca a todos nem faz adejar os longos cabelos dos modestos escritores de fins-de-semana e feriados – deixamos a seguinte exceção: pode acontecer àqueles que, ao banharem-se, amimem a sua massa capilar com Pantene Pro-V.
Muitas das vezes vemo-nos obrigados a procura-la num ninho vazio correndo o risco de ser os recetores de um nefário olhar por parte de uma serpente que tinha chegado antes e declarado o que era de alguém como seu.
Contudo, escrever – entre outras refregas - é o nosso escape intelectual a um período que carece de desafios que façam coriscar a lâmpada e, como tal, correspondemos ao olhar desafiante do réptil ofídio com uma mirada viçosa e enérgica demonstrativa de preparação para a contenda, caso a necessidade de a disputar se apresente.
E assim, sem que a perceção de tal nos roce a pele, estamos sob o dia que a iluminação do espírito traz para afastar o trevor que precede a alba.

Desta forma, concluímos que a inspiração resume-se à coragem e à vontade de começar a construir algo; que à medida que avançamos, fazendo as modificações que forem necessárias, somos conscientes do caminho que percorremos, das tolheitas que ultrapassámos e das que se escondem, tal camaleão, na espinhosa e sáxea vereda que, ao dobrar o cunhal, nos espera.

Aos que entraram no nosso humilde lar, curiosos pelo desenvolvimento do assunto que o título faz esperar, não vos deixamos desolados.
Adolf Hitler, facínora alemão, que seguramente não exige qualquer apresentação, na caixa de Pandora que rendia a bomba propulsora da nequícia que nele fez as vezes do vermelho sangue partilhava, com o seu ódio por judeus, a paixão pelo jogo de bola com raquetes, num campo apropriado, dividido na metade por uma rede. Aos 5 anos começa a jogar e desde essa idade mostrou queda por ‘queimar’ os seus adversários com serviços velozes, potentes forehands e backhands e mortais aproximações à rede.
Antes de iniciar a sua vida política, que mais tarde levaria ao desenrolar da história que todos conhecemos e que à maioria enoja, torna-se maestro de ténis de grandes nomes do desporto nessa época.
Claro que se fosse verdade esta seria uma boa história.


No entanto, o verdadeiro motivo que nos levou a eleger este título foi a intriga que é capaz de despertar na medula de quem o lê. Isto e quarenta graus a aniquilar neurotransmissores.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Reflexões De Sexta À Noite: Ode A Uma Cultura Em Perigo



 
Gostamos de escrever. Não apenas gostamos como queremos. Um querer vero e intrincado que tem tanto de hereditário, familiar e aprendido como de intransmissível, pessoal e único.
Outros encargos prendem-nos de errar mais frequentemente pelas quelhas que a língua portuguesa, ao cidadão entretido, esconde. Na sua cidade escasseiam habitantes que, ao sentar-se à escrivaninha oculta no canto mais sombrio do quarto, sintam a paixão que comanda o âmago e ordena a mão, e num pedaço de papel, cuja passagem do tempo se denota pelo tom amarelado que dele resplandece, contem histórias. Histórias que são vida. São a vida de quem escreve, a vida de quem se escreve ou a vida de um ou outro leitor que se vê refletida no que é escrito.

Ao erguer a caneta, ao ajeitar a folha de papel enquanto decidimos a matéria sob qual a reflexão irá incidir, roda no núcleo do nosso cérebro a película de todos os amoráveis relatos que, blandiciosamente, escutávamos – e que, por alguma razão que ultrapassa a capacidade de compreensão humana, ainda hoje somos capazes de ouvir - das vozes sempre presentes dos nossos avós, pais, irmãos e amigos. Isto leva-nos a concluir que escrever também é recordar. E recordar é viver. Por estas razões, atrevemo-nos a ir mais longe e assumimos que recordar é dar vida.
Ao estar com o caderno no nosso regaço, a chorar a negra tinta que, à memória, a saudade não permite esquecer, origina-se, na esperança do reencontro, a viva imagem de quem o coração relembra e faz que, nos olhos, aquela tinta negra encontre onde desaguar. 

Esta é a magia de escrever. Uma magia descurada pelos mais novos que não manifestam o infinitesimal interesse e não são capazes – por resolução própria ou resolução aprendida – de descobrir os enormes segredos que ela encerra. Na razão da juventude – audaz é quem acredita que a usam já que todos eles acreditam que a têm - formou-se, recentemente, uma grande névoa que, não sendo resultado da adição entre o fumo do tabaco que libertam pela chaminé que substituiu a traqueia e o que libertam no processo reflexão, os impossibilita de achar o palheiro que engloba a agulha.
Desta forma, ficam os mais anciães habitantes – e uma idílica minoria de moços que devem ter caído das mãos do obstetra e batido com o crânio no acerbo chão do bloco operatório – com o venturoso encargo de a estimar e utilizar com a diligência exigida, à semelhança de uma mãe que, nos seus braços, sob a mirada zelosa de uns olhos felizes, carrega o seu primogénito.

Mas como se pode gostar ou querer escrever se a cultura da leitura fica reduzida a publicações do Facebook, Twitter ou Instragram povoadas de solecismos como antiptoses e barbarismos. Tais redes sociais deveriam sofrer um processo de acendramento linguístico-gramatical. Num ou outro caso, a severidade da situação já carece de um cura com conhecimentos de exorcismo e abundante água benta disponível para eliminar, definitivamente, o demónio que invade o teclado de alguns usuários e as possessas migalhas de ludro que, com o acúmulo da inscícia, fortes uniões forma e substitui o que, outrora, foi um encéfalo.
Desconhecemos as raízes desta carestia de apuro e tampouco nos colocamos na vanguarda para surribar a terra e trazer à superfície uma resposta que ao entenebrecer e afligir a alma mais alegre e confiada, nos motiva a dúvida do que faria à nossa!?

Sabemos, contudo, que quem não aventura a imaginação no secular trilho dos livros malpara-se a não chegar às comportas do templo que encerra o tesouro perdido. E, como consequência, não enriquecem a única coisa que a humanidade deixou quedar pobre…a sua própria consciência.
Quem perde é quem não procura! Quem deixa uma mente abnegada acaudilhar um corpo abúlico!
Será que nos seus espíritos não bruxuleia a vontade de madurar, de crescer…ou será já um espírito tão desanimado, extenuado… vencido por revistas cor-de-rosa e reality shows que a única fausta esperança que lhe resta é a do seu último suspiro estar para breve?

Não pretendemos que de 11 milhões de habitantes se façam 11 milhões de escritores. Porém, almejamos que os mesmos 11 milhões cresçam para apreciar um bom livro.


Esperamos que para que esta nossa ideia quimérica se torne realidade não seja necessário que nos povoemos de obstetras negligentes que permitam o mergulho de recém-nascidos para uma piscina de líquido amniótico