sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Estaremos Perante um Declínio Educacional? (CAP. III)


Catorze dias e treze noites passaram desde que encetámos a reflexão sobre a possibilidade de, estarmos a presenciar, plácida e indolentemente, um nóxio declínio educacional.
Cremos que foi proporcionado o tempo suficiente para tornar límpida a água, outrora sórdida, da qual a nossa mente abate a sua sede; e por essa razão, estaremos em condições de perscrutar as premissas e, partindo deste ponto, chegar a uma conclusão.

Desde os exemplos descritos, em ambos os capítulos, à pungente pergunta lançada - tal guerreiro romano que impiedosamente arroja a sua flecha no peito derrotado do inimigo - no capítulo segundo, circum-navegámos por alguns pontos de interesse e que se devem manter à tona daquela, por ora, facoide e franca água.

Devemos relembrar, também, que os exemplos não se dão na rua, mas sim dentro daquelas quatro paredes - já esquecidas do que são bons modelos – a que chamamos lar. E, consequentemente, justificando-nos com o que acabámos de escrever, têm de ser dados pelos pais.
Seguramente que, para acalmar irreverente má formação filial, é mais simples aceder a todos os seus pedidos – onde “pedidos” está escrito deve “ordens” ou “mandamentos” ler-se – evitando uma birra – cuja solução passa por, somente, ignorá-la que seguramente o broto, movido pelos processos de aprendizagem inerentes à maioria dos seres humanos, reconhece que não obtém o que pretende mesmo colocando-se no chão, batendo com mãos e pés nessa superfície e expondo umas fuças choramingueiras – do que, assertiva e justificadamente, usar um dos mais simples vocábulos existentes em tudo quanto é idioma e dialeto, constituído por três letrinhas apenas: NÃO.  
  
Afortunadamente, a natureza é sábia – quem a concebeu sabia bem com o que estava a trabalhar e o que pretendia – e concede-nos o tranquilizante bálsamo de nos parecer que a educação funciona por ciclos: filhos bem-educados são o espelho da educação dos pais e filhos mal-educados refletem o que também faltou à sua progénie. Comos sempre, permitam-nos esta asseveração que aceitamos as devidas exceções.
Baseando-nos no anteriormente escrito resta-nos esperar que faustos e prósperos ventos conduzam essas caravelas que, para já, navegam desgovernadas ou com um capitão bazófias e incompetente.

Não obstante, enquanto esperamos por essa deslocação de ar que traz ao colo a cândida crença num superintendente capaz, não deixamos de vivenciar a catábase dos bons valores.
Como escrevemos já noutras reflexões e também nesta, em parágrafos anteriores, mingam as personagens e atitudes que possam servir de lição a quem, ainda - impelido por se soltar das perigosas amarras - as buscam. É que já nem os desenhos animados do Super-Homem, Homem-Aranha,… os ajudam. Foram substituídos por Casas dos Segredos, repetição da Casa dos Segredos, gala da Casa dos Segredos,…
Mesmo que se possa colocar culpa no que enumeramos, – quiçá um 2% - os restantes 98% sabemos todos onde param. Só não sabemos o que andam a fazer.

Mas não desistamos. Tomemos como exemplo a carpa japonesa, Koi, - amiudadamente figura em mitos e lendas dos países asiáticos – que consegue remontar cascatas pantagruélicas e longos cursos de água até chegar à nascente dos rios em que, esforçadamente, nada. Como recompensa, este peixe ao conquistar o seu “triunfo”, segundo a lenda, transforma-se em dragão. E este sucesso apenas se torna possível através da capacidade de sacrifício e perseverança do animal.

Ora, se uma carpa é capaz de ultrapassar os obstáculos que, pela frente, se lhes colocam, também nós, mediante a perseverança e força de carácter, somos capazes de nadar contra correntes adversas e alcançar os nossos propósitos

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Estaremos perante um Declínio Educacional? (CAP. II)

Retomamos, neste momento, o trabalho no fio de lã, que por cansaço de quem o urdia, deixámos ermo, todavia calmo e esperançoso no cumprimento da promessa que fizemos de regressar. E, distinguidos que somos de alguns agentes políticos e sociais, ao que nos comprometemos não falhamos. Connosco nada cai em saco roto. Até porque permitir que o saquinho chegue a essa condição lastimosa trata-se de uma simples questão de ócio. Se está roto…remenda-se.
É o que uma pessoa vai tentar fazer nas próximas eleições; e ainda que as opções de remendo não ofereçam qualquer tipo melhoria significativa, não deixa de ser nosso dever, ir à urna palpar, pelo menos, o tecido. Se não gostarmos de nenhum - é tudo de fabrico chinês e do mais reles e pueril que há – vimos de mãos em branco. Porém, não nos negámos a obrigação civil de o fazer, dando primazia a outros recreios, lavando as nossas mãos na água oferecida pelo dianho, tal como Pilatos, desresponsabilizando-nos do mais tisnado e provável ocaso: a insistência neste exercício de consciente manudução perversa através de caminhos duvidosos até ao cômpito onde todas as veredas se apresentam enramadas e pedregosas quando nenhum dos cabecilhas – pérfidos e estouvados é certo - tem grandes conhecimentos de geografia, leitura de mapas e orientação para nos guiar à salvação.

Nós que a temos, mesmo que a etiqueta social seja a de promoção do seu esmorecimento e negação, recorremos à fé e esperamos, que escondido por entre a penumbra deste fim de tarde, quando mal precatados estivermos, o despenhadeiro não se encontre à distância de um incauto passo.

Na verdade, este tema daria matéria-prima para várias “Reflexões de sexta à noite” e, possivelmente, até romances de desenlace…menos fausto.

  Suspeito que pelas vossas sinapses passeie a interrogativa ideia de como é que o exposto anteriormente constitui uma continuação da reflexão compartida na passada semana. Sabei, então, que a nós, enquanto a escrevíamos, também deambulou pelas circunvoluções cerebrais o mesmíssimo inquisitório pensamento.
Como solução a esta questão que, insistentemente, nos surgia defronte e, vilmente, nos fixava a mirada, consentimo-nos a retirada da umbela que cobria o nosso escalpe e permitimo-nos que, ainda que poucos fossem, os raios de sol nos aclarassem essa ideia esperando, até, que desabrochassem umas quantas mais.

Aconselhamos aos que se encontrem numa situação semelhante, que adotem a estratégia descrita a fim evitar esta carência de ideias global que enfrentamos; mau já seria sofrermos todos de uma monomania, pior se fosse a mesma em todos.

Recordamos, certamente, uns por a terem vivido, outros por lhes ter sido relatada, a breve história que no capítulo primeiro expusemos. Uma semana volvida e tendo possuído tempo para a meditação, por quem se interessa por estas temáticas, lançamos uma questão: é assim que pretendemos educar os nossos filhos?

Na verdade…os nossos não!
Não porque a biologia nos tenha traído e não proporcionado os órgãos elementais e necessários para os conceber. Porém, conciliar o estudo universitário da fisiologia e patologia humanas com o amamentar do neonato, adivinhar-se-ia de resolução esfíngica.
E, além disso, devido à compleição anatómica que carregamos, tornar-se-ia enigmática a resposta ao problema de onde haveria, o puto, de mamar.

De afogadilho nos aproximamos do termo desta, já longa, reflexão. E aos nossos leitores, que concedem tempo e disponibilidade à nossa escrita, libamos jubilosamente – como não poderia ser de outra maneira – a vós.

 Achámos por bem, findar este capítulo segundo com a momentosa questão, a fim de, permitir que a dúvida - quantas vezes funesta e tormentosa - nos conquiste e tal como o sol em pleno Janeiro, faça dia onde a noite predomina.


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Estaremos perante um Declínio Educacional?


Agora que encetamos, para mais um ano, o período académico advertimos que a periodicidade das nossas publicações tornar-se-á mais irregular e espaçada.
Todavia, ainda a procissão vai no adro pelo que o tempo e a disponibilidade, por ora, nos consentem umas brechas para colocarmos neste papel binário um pouco do que nos corre na alma e anda na mente.

As, chamemos-lhe rubricas, “Reflexões de sexta à noite”, sempre tiveram uma índole um pouco mais, não querendo ser redundante, reflexiva e têm sido baseadas numa escrita crítica e tencionada mas de modo algum leviana ou frívola.
Podíamo-nos revestir de um discurso lhano, amorável e breve; porém acreditamos que a mensagem que almejamos transmitir não seria recebida se a orientássemos nesse sentido. Indubitavelmente, seria uma prosaica mais afável de oferecer, pela parte de quem escreve, e de colher, pelo leitor, mas menos provável de gerar a dúvida, titilar a consciência e incitar à ação pela mudança de posturas. Estar de pé é mais difícil do que estar sentado e estar sentado é mais difícil do que estar deitado. E, pela mesma lógica, agir racionalmente é mais difícil do que não o fazer ou, simplesmente, reagir.

Mesmo assim, procuramos não nos demarcar da nossa jaez “piadolas” e divertida, ainda que, incisiva na hora de tentar cumprir o nosso escopo enquanto cidadãos e, sobretudo, enquanto Homens que se prende em proporcionar perspetiva. Como diz o ditado, “nem tudo é preto ou branco”. E, claro, também criticar um bocadinho porque tal atividade faz bem à alma de qualquer um.

Tal como o povo que, airosamente, sabe conceder a um dito popular o sentido que se lhe revela mais conveniente, também nós, nesta situação e de igual forma, emprestamos-lhe a folhagem que nos resulta proveitosa. Porém, diferenciamo-nos na questão de despirmos o rifão do propósito pueril que é mostrar que sabemos palrear o que nos foi ensinado na escola.

Sendo assim, a expressão “nem tudo é preto ou branco” indicia que quando um problema se apresenta perante nós, o espetro de opções é mais amplio do que pode parecer. Entre o preto e o branco existe toda uma panóplia de tons de cinzento que também constituem hipóteses.

Tudo isto para explicar que o que escrevemos e partilhamos não deve nem pode ser tomado como a única perspetiva que aceitamos. Fazê-lo seria contrariar e trair a nós próprios e às nossas ideias.  
Acreditamos que regemos a nossa escrita e, principalmente, a nossa vida, por valores e princípios corretos que tomamos e defendemos com a mesma veemência com que Darwin lutou pelas suas teorias.
E, se nos anos vindouros acabar-se por mostrar o quanto errados estávamos, o que tememos que aconteça motivado por um marcado declínio educacional, aqui estaremos para nos adaptarmos a esse novo ambiente.

Será, exatamente, esta espiral descendente educativa, o novelo de lã do qual procederemos para tecer este intrincado texto opinativo.

E, como é tradição em nós, estrearemos o comentário com uma lacónica história.

Nos nossos dias de experientes basquetebolistas, quando ainda a nossa idade era assinalável pela contagem dos dedos das mãos, alguns eram os torneios em que o nosso clube ousava participar.
Quer os jogos fossem em casa quer fossem fora, os nossos progenitores faziam-nos a vontade de nos conduzir ao pavilhão onde iria decorrer a afamada competição. Isto ainda que o clube oferecesse transporte quando houvesse que ocorrer uma deslocação. Não obstante, a manutenção e idade da camionete eram suficientemente duvidosas e, certamente, dignas de inveja pela Betty Grafstein.

Os momentos que antecediam as partidas eram de relaxamento para os jogadores e de algum nervosismo entre os pais. Naquele momento, não passava de ínfimo o dito. Talvez depositassem no Sistema Nervoso Central (SNC) as esperanças que do seu filho despontasse um talento da NBA. – Nunca depositem qualquer tipo de substância no SNC; isso dá origem a Alzheimers e moléstias semelhantes. Se depositarem emoções ou sentimentos brotam episódios de mudança de personalidade que veremos a continuação. – Assim que o jogo começava, o que até então eram senhores e senhoras bem aprumados, adornados como se estivessem a ver a “La bohème” no Teatro Regio de Turim com o seu bonito monóculo, saiam do seu casulo metamorfoseados em rufias de pátio de escola onde tudo vale; azémolas a quem tudo é permitido e sem qualquer respeito pelas regras existentes.- talvez não as vissem devidos aos antolhos presos às suas cabeças asininas.

Eram audíveis os zurros paternais – não se excluem os maternais pois em situação de, digamos “defender” a cria, a matrona desempenha um papel incrivelmente irascível – como “parte-lhe uma perna” ou “dá cabo dele” e ainda “arruma-lhe um na fronha”. – Desconhecemos a justificativa que baseia este comportamento e também a legitimidade do educador para educar quando o que lhe sai da primeira cavidade do aparelho digestivo é igual ao que expele pela última. Parece-nos, a nós, que somos meros ignorantes, que se enleavam os neurónios, quem sabe pelo calor que se fazia sentir no recinto, dos papás que assistiam, mais violentos que os desportistas, às geniais jogadas praticadas. Debalde, tentamos perceber a etiologia da enfermidade que tamanhas alterações na neurofisiologia pudesse produzir.
No entanto, não é uma reação incomum. Aliás, diz-se bastante frequente quando se enfrenta o questionável talento dos rebentos.

Como nós, desde cedo, revelámos toda e qualquer falta de apetência pelo desporto, os nossos geradores – não os que dão eletricidade mas os que dão uma… queca – estavam, desde o início, sem qualquer motivação para ornear tamanhos disparates. Ou isso, ou ainda há quem tenha educação.  

Pela extensão e relevância que pretendemos atribuir a este assunto, cremos que a forma mais adequada de o fazer sem nos tornarmos pesados e maçadores, será dividir este texto em “capítulos”.

Desta forma, na próxima “Reflexão de sexta à noite”, apresentaremos o capítulo segundo desta opinião verborreica.