Quão agradável é falar com um velhinho?
Muitos
dos adolescentes, e não tão adolescentes, não têm o conhecimento, para mim, elementar,
dos benefícios que se podem retirar de uma simples conversa com um idoso.
Um
cérebro cheio de conhecimento, um coração repleto de paixão, experiências que
transbordam do sangue vermelho vivo que percorre as artérias e que chega às
mãos ternas da compreensão e do amor.
Tanto
que é colocado em último plano por preferirem ficar a jogar no telemóvel, a ver
uma sitcom no computador ou, até
mesmo, a recuperar da brava piela que
a noite anterior proporcionou.
E,
por razões óbvias, não possuem capacidade e, talvez, até arcaboiço moral para
responder à pergunta. Porém, há quem acredite que sim.
Mas, “who’s to blame?” (quem
havemos de culpar?).
Vivemos numa sociedade que faz marchas e
protestos a favor da criminalização do abandono animal mas que, por ignorância
ou conveniência, se esquece que os direitos humanos ainda não são cumpridos em
toda a sua totalidade.
Utópico
da minha parte desejar que o sejam? Quiçá. Todavia, manterei as minhas energias
focalizadas na melhoria das condições de vida do nosso passado, presente e
futuro. Ganha esta batalha, desviarei atenções para o que considere necessário,
essencial e prioritário
Choca-me
digo apenas, porventura até para não ter de fazer um juízo mais negro e medonho
sobre o que exponho a continuação, que quem manda neste sítio, tenha já
decidido que abandonar animais (mero exemplo, como muitos outros que descrevo)
seja crime mas que deixar ao desemparo idosos só agora comece a constituir um.
Melhor, ainda creio ser só um projeto de lei, não uma lei em si.
A não
penalização do desleixo no dever de proteger estes seres com especificidades em
campos como os cuidados de saúde, o apoio social e até mesmo, infelizmente, o
enquadramento familiar, é, para mim, um dado preocupante de como se estão a
conduzir as políticas de educação.
E
tudo isto porquê? Porque são velhos?, acabados?, sem projetos ou ambições?,
aborrecidos? Questões que não gostaria de ver respondidas devido ao pouco
surpreendentes que seriam as respostas.
Para
quem, secretamente, contesta de modo afirmativo ao indagado, permitam-me que
distribua a bactéria que provoca uma certa comichão mental (NOTA: só funciona
para quem ainda não for imune à reflexão).
Uma
trupe de velhotes (atenção que a inflexão dada a este vocábulo expressa todo o
meu carinho e admiração), surpreendeu toda a cidade onde viviam ao aparecer no
cortejo da sua festa com um autocarro que escondia os mistérios de… 50 sombras
de Grey! Não só no exterior como também no interior.
O
autocarro estava repleto de objetos que aludiam à história escrita por E. L.
James como algemas, chicotes, chibatas, cordas,…
O
autocarro foi submetido a um concurso que os criativos idosos, com idades
compreendidas entre os 85 e 90 anos, venceram.
Se
algum dos espetadores maiores decidiu dar uma voltinha no autocarro da malandrice
já vai além do conhecido, mas se o fez…bom para ele...ou ela! Pena do
motorista, todavia, que só lhe é
permitida a pura observação.
Esta
notícia demonstra que a idade não é limite para a ousadia, para a brincadeira
nem para o humor e muito menos sinónimo de aborrecimento.
Agora,
penso eu com os meus botões, uma conversinha com as mentes por detrás desta
arrojada brincadeira não deve ser nada chata.
O mesmo
não creio ser capaz de dizer do pasmatório que é a cabeça de alguns indivíduos e
do marasmo de ideias que sofrem determinadas personalidades.